Os impactos no varejo foram radicais nas últimas semanas em decorrência da COVID-19. Encontrar novas forma de manter e atender clientes e consumidores tornou-se a maior urgência de empresários. Preocupações sobre todos os setores da empresa pipocam. No entanto, é difícil decidir quais são de maior importância, embora todos sejam urgentes. Algumas preocupações são: como atender em novos canais de comunicação, como adaptar o produto ao delivery. Como calcular meu Ponto de Equilíbrio. Como decidir em qual produto focar. Como estruturar meu Plano de Contingência. Além disso, entender maneiras para manter o espírito empreendedor ativo durante a crise. Da mesma forma, outras situações que precisam ser raciocinadas para superar a crise da melhor maneira possível.
Ao longo dos últimos artigos que fizemos, temos mostrados passos e sequências lógicas para entender melhor qual a sua situação como autônomo, empresário e empreendedor. As formas de lidar com a pandemia mudarão à medida do tempo. Portanto, entender os 05 Estágios de Gestão na Crise é importante. Cada momento tem uma prioridade, decisão a ser tomada e estratégia a ser definida. Comentamos um pouco sobre posturas mentais frente à crise e sobre análises básicas de finanças. Como resultado, neste artigo iremos apresentar mais uma área da empresa e seus impactos. Logística e Cadeia de Suprimentos: impactos no varejo.
Antes, é preciso reconhecer que cada segmento de comércio e varejo tem suas particularidades. Certamente é essencial averiguar qual situação do seu negócio antes de tomar decisões. Ao menor sinal de dúvida, conte sempre com profissionais apaixonados por gestão de negócios. E tenha certo que equipes multidisciplinares são mais capazes de analisar e identificar suas necessidades. Continue com a gente, e entenda melhor sobre como o seu negócio faz parte da Cadeia de Suprimentos.
O varejo e a pandemia
A humanidade aprendeu mais sobre o seu comportamento em crises de saúde e econômica anteriores. Na mesma linha, considerando a pandemia do coronavírus, o comportamento pode ser dividido em seis momentos:
- Prioridade para compras de itens de saúde (nível pessoal);
- Elaboração de medidas para garantir suprimento para manutenção de bem-estar social (nível de comunidade);
- Preparação para maior armazenamento de alimentos;
- Organização de ferramentas e formas que garantam atividades, mas em distanciamento social;
- Percepção do cenário de restrição a serviços e produtos;
- Depois disso, retorno à rotina sem distanciamento social.
Em outras palavras, a sociedade começa com a preocupação de bem-estar imediato individual. Em segundo lugar, passa a preocupar que a comunidade como um todo tenha acesso aos itens de saúde. Em terceiro lugar, busca aumentar o estoque em casa de itens básicos de sobrevivência. Além de começar a perceber que nem tudo que gostaria de consumir, é o ideal no momento. Portanto, busca alternativas para manter a rotina ao máximo possível, com os estudos e trabalho. Depois disso, aos poucos vai se permitindo acessar os produtos e serviços que se sentiu restringido. Mas com cautela, pois ainda sente incerteza quanto ao cenário econômico e social.
Agora você entende melhor como o seu consumidor agirá. Vamos, portanto, analisar o seu negócio. E dar insights do que você pode fazer para superar a crise.
Impacto da pandemia na Cadeia de Suprimentos
A Cadeia de Suprimentos (Supply Chain) é definida por quatro processos: planejar, abastecer, produzir e entregar. Em outras palavras, pode ser definida como um conjunto de atividades funcionais, seja transporte e/ou controle de estoques. Certamente, tais tarefas se repetem inúmeras vezes ao longo do canal de distribuição. No qual, matérias-primas se tornam produtos finais com valor agregado para o consumidor, último elo do sistema produtivo. Em outras palavras, com quatro processos interligados, a Supply Chain é essencial para manutenção de atividades básicas. A função principal da Gestão da Cadeia de Suprimentos é planejar e executar a distribuição dos produtos acabados aos clientes.
Nessa gestão, entra a Logística. Refere-se aos processos de obtenção de materiais, agregação de valor destes. Isso, segundo a definição de cada cliente, e a disponibilização dos produtos finais. No local certo. No momento certo. Com as especificações exigidas. E, ao menor custo possível. Certamente, a logística é vital para o correto planejamento e execução dos processos de obtenção de um bem ou serviço. Especialistas já tem apontado o aumento das exigências dos consumidores quantos aos serviços logísticos.
Considerando o cenário de pandemia, um estudo da Nielsen mostra os tipos de produtos e segmentos mais impactados. Em primeiro lugar, vamos comparar a última semana de fevereiro e a segunda de março. Certamente a categoria que mais cresceu foi de antissépticos para mãos: aumento de 623%. Em segundo, foi a categoria de softwares, programas, com aumento de 389% no período. Em terceiro, filtros de ar, com aumento de 100%. Enquanto isso, álcool, produtos de limpeza geral, sabão, amaciantes e curativos, juntos aumentaram 235%.
Considerando demais segmentos
A imagem a seguir mostra uma comparação entre o consumo por categorias. Em verde claro é comparado a última semana de fevereiro vs a primeira semana de março. Da mesma forma, em verde escuro são comparados a segunda vs primeira semana de março. Lembrando que o primeiro caso de COVID-19 no Brasil foi em 01 de março de 2020.
Em conclusão, os dados mostram o comportamento das pessoas, de fato, como anunciado pelos seis momentos. Ao longo das primeiras duas semanas desde o primeiro caso confirmado no Brasil, o consumo já está no quarto momento. Ou seja, garantimos itens básicos de necessidade (alimentos e produtos de uso pessoal) em quantidade para estoque. E garantimos manutenção ao máximo de atividades de trabalho, entretenimento e estudo. Como é perceptível com o aumento de consumo de softwares e eletrônicos.
O que podemos esperar frente ao consumo nas semanas que se seguem?
Vamos recapitular o quinto e sexto momento de consumo. Quinto: Percepção do cenário de restrição a serviços e produtos. Sexto: retorno à rotina sem distanciamento social. Em suma, o cliente está mais impactado percebendo o que sente precisar restringir quanto ao consumo de bens e serviços. Lembra as ações dento de uma Cadeia de Suprimentos? Planejar, Abastecer, Produzir e Entregar? Agora é hora de analisar como VOCÊ faz cada uma delas.
Ao longo de estudos que nossa equipe tem feito, percebemos os dois impactos que chegarão primeiro no varejo. Corroborados por pesquisas e conteúdos de grandes empresas de consultoria e estratégia.
1. O momento de compra poderá ficar mais espaçado. Mas, será maior quando feito. Considerando a necessidade das pessoas de aumentarem os itens na despensa, elas vão demorar mais para ir às compras. Até porque é uma forma de garantir distanciamento social. Mas, quando forem, a quantidade a ser compra será maior do que o usual. Em suma: você terá estoque quando eles forem comprar? Lembre-se que as portas podem fechar, mas o negócio não pode parar! Continue estimulando seus fornecedores e clientes.
2. Os níveis de estoque de segurança precisam ser revistos. Estoque de Segurança é a quantidade de produtos “a mais” para garantir fornecimento ao cliente. Em outras palavras, é a gordurinha para segurar as vendas até ser reabastecido pelo fornecedor. As condições de trabalho mudaram rápido e drasticamente. É imperativo: mantenha contato com seu fornecedor para planejar seu estoque. Trataremos mais desse assunto em outro artigo. (Enquanto isso, nos siga nas redes sociais e garanta que vai receber nossos insights!)
Mais percepções…
O consumidor aumentará hábitos de higiene. E desenvolverá outros referentes ao modo como se alimenta, exercita e trabalha. Como o seu negócio pode aproveitar essa nova onda para reforçar o valor do seu produto? O maior tempo gasto em mídias sociais aumenta a oportunidade das marcas se aproximarem dos clientes. Ou seja, você pode tentar introduzir o seu serviço agora, que ele está mais disposto a ver informações. O que garante que ele lembre de você após a crise. Use esse tempo para estudar sobre Jornada de Compra. Porque mesmo que você não realize uma venda agora, estará qualificando melhor seu cliente. Preparando-o para consumir seu serviço, assim que puder.
Nos próximos momentos o consumidor verá bens e serviços que gostaria de consumir. Mas que sente estar restrito agora. Trabalhe gatilhos mentais com ele. Mesmo que ele não compre agora, ficará com aquele comichão sobre seu produto. Se bem trabalhada a Jornada de Compra, voltando um pouco a normalidade seu negócio estará na lista de desejos dele.
Segmentos têxtil e de moda precisam abrir mão da forma como expõem seus produtos e os comercializam. O hábito de venda por temporadas, pode ser prejudicial. O momento é de personalização, pensando no consumidor final. É também um momento para repensarem sobre o que é essencial. Em outras palavras, é preciso encantar o cliente e saber mais sobre o que ele quer. Aproxime do cliente, aproveitando o momento para estudar melhor sobre o que é útil para ele, e não apenas bonito. Por exemplo, o consumo de produtos do setor de cama, mesa e banho, estão sendo mais consumidos. Direcione esforços de venda para produtos que renovem e façam o cliente ter mais afeto com o lar. Seja a marca que o consumidor lembrará por deixar esse momento difícil, mais confortável e proveitoso.
Ações por nível na Cadeia de Suprimentos
Em uma Cadeia de Suprimentos podemos ter vários níveis de agentes. Primeiramente os Fornecedores, depois Fabricantes, Distribuidores, Varejistas, Clientes e os Clientes do cliente.
Cada elo nesse fluxo impacta o adjacente. A capacidade mínima e máxima de um influencia no desempenho e operações do outro. O timing de entrega, preço e qualidade de cada nível poderão determinar o sucesso do negócio de seu cliente. Na mesma linha, podemos encarar as preocupações de cada agente nesse momento de crise. Portanto, a McKinsey & Co tem estimulado para priorizar o planejamento das ações de agora, e do futuro. Adiante vamos orientar com base nesse estudo, o que fazer considerando em qual elo da Supply Chain você atua.
Para quem atua como Fornecedor de base na Supply Chain a palavra da vez é transparência. Em primeiro lugar, crie transparência para os multiníveis da sua cadeia. Deixe claro tudo o que você precisa e em quantidades. Posteriormente mapeie todos os componentes que usa, principalmente os críticos. Com isso, você precisa deixar claro com seus parceiros o risco de interrupção. E os riscos subsequentes. Por outro lado, procure também alternativas, caso suas matérias-primas venham de regiões muito afetadas.
Fabricantes e Centros de Distribuição devem otimizar suas capacidades. Primeiramente, avalie impactos na força de trabalho. Em segundo, forneça o necessário para a segurança de seus colaboradores. Na mesma linha, seja claro acerca das situações da empresa, evidenciando onde está mais crítico. Depois disso, reavalie e exponha como cada um pode contribuir, deixando transparente o que lhes é esperado. Além disso, avalie suas margens de contribuição e custos e penalidade de oportunidade. Lembre que otimizar, é fazer melhor com o que você tem em mãos. Não necessariamente cada vez mais, ok?
É mandatório também:
Entender melhor os estoques de cada elo anterior e posteriormente a você. Acima de tudo: faça acordos e continue produzindo. Em outras, palavras, garanta que você continue atuando e seus parceiros também. Se mantenha próximo de seus parceiros. Consequentemente, saberá quando serão feitas suas entregas. Da mesma forma, quando seu cliente precisará de você. Enquanto isso, ajuste sua previsão de demanda para cada produto.
Na mesma linha, categorias de produtos específicos poderão demandar ações pontuais. Produtos acabados poderão ser mantidos em estoque, pois sua venda seria muito mais custosa, caso em lotes menores. Peças de reposição podem ser usadas na produção. Da mesma forma, peças que sofreriam retrabalho, talvez não valham o custo para colocá-las no padrão de qualidade. Políticas de entrega devem ser ajustadas para garantir clientes. Antevendo problemas em áreas mais afetadas, também.
Faça as perguntas certas nesse momento. Durante essa reflexão, você com certeza terá mais ideia do que fazer.
1. Em primeiro lugar: o quanto sua demanda é previsível? O quão expostas à variações tributárias suas negociações são?
2. Em segundo momento: o quão resiliente é sua distribuição logística?
3. Em terceiro lugar: qual a flexibilidade financeira a empresa tem em caso de não suprimento?
4. Em quarto lugar: qual o nível de complexidade de suas operações? Em outras palavras, você sabe os níveis de estoque de seus componentes?
5. Em conclusão: o quão reativo OU proativo sua empresa é em identificar e mitigar danos?
Como um hospital, os setores de varejo e distribuição devem fazer triagem de seus problemas e danos. Para, ponto a ponto, identificarem qual ação deverá ser feita primeiro.
Portanto, em caso de dúvidas sobre como fazer essa avaliação em seu negócio, conte com uma equipe multidisciplinar.
Referências.
Em primeiro lugar: Supply-chain recovery in coronavirus times plan for now and the future. McKinsey & Company. Disponível em: < https://www.mckinsey.com/business-functions/operations/our-insights/supply-chain-recovery-in-coronavirus-times-plan-for-now-and-the-future >. Março, 2020. Em segundo.
Em segundo lugar: Impacto da COVID-19 nas vendas de produtos de giro rápido no Brasil e ao redor do mundo. Disponível na íntegra em: < https://aderj.com.br/wp-content/uploads/2020/03/Nielsen-Impactos-da-COVID-19-nas-vendas-de-produtos-de-consumo-de-giro-rA%CC%83%C2%A1pido-no-Brasil-e-ao-redor-do-mundo.pdf >. Março, 2020.
Em conclusão: LIMA, MÔNICA MORAIS. Estudo para implementação de condomínios logísticos com a utilização de veículo urbano de carga (VUC) no município de Ituiutaba. Universidade Federal de Uberlândia. Agosto, 2018. Para estudo na íntegra, contate: monica@detrey.com.br.